Para começarmos a estudar e compreendermos melhor o tema, hoje abordaremos o aspecto histórico do T H B e do conceito de loucura.
A história da medicina, desde os primórdios nos traz referencias e relatos do hoje conhecido com T H B.Desde a Grécia antiga, passando por todos os momentos da historia da civilização estudou-se e nos preocupamos com o conceito de doença mental.
No entanto, também precisamos ter em mente quando olhamos retrospectivamente a história não só o nível de conhecimento cientifico, mas também o momento sócio-histórico daquela cultura e sua evolução; aqui se incluem aspectos filosóficos, religiosos, econômicos, etc. Ainda assim, podemos perceber que a visão sobre a doença Maníaco Depressiva da Antiguidade é muito próxima a que temos hoje.
Mas, voltando, na Grécia Antiga (época dos grandes filósofos – Sócrates, Platão, Aristóteles). Platão ( V A.C) via “A Razão como o que definia o Homem; ela era instrumento do conhecimento e garantia da liberdade ética”
Desta maneira, o que seria a Loucura?
Loucura seria a ausência ou perturbação da razão, que induziria ao erro e ao infortúnio. (momento atual = seria perturbação do Pensamento)
Somente no séc XVIII (1700/1800) Afeto, paixão, sentimento e humor, que são conceitos centrais das Síndromes Afetivas, passavam a fazer parte dos estudos dos transtornos mentais.
Isso ocorreu por que passamos para a influencia do movimento romântico-positivista. Mas tudo ainda era muito confuso, tanto que a Loucura e Paixão era tidas ao mesmo tempo como causa como conseqüência da D.M.
Neste pano de fundo temos textos de Hipocrates ( pai da medicina V e IV A.C) falava na recorrência da melancolia, em “estados flutuantes de alegria, raiva e futilidade”. Também foram encontradas referencias dele sobre os estados de humor de Sócrates.
Viajando em pouco mais em direção aos nossos tempos, temos Arateus (II A.C) que foi o primeiro a escrever sobre a origem comum da melancolia e da mania (que para ele estava nos Humores, que se originavam no coração e inflamava o cérebro).
Galeno ( II D.C) começa a fazer referencias a melancolia como sendo crônica e recorrente.
Na Idade Média (800-1400), houve uma mudança importante = doentes deixaram de ser tratados por médicos e passaram a ser tratados por religiosos e em monastérios Doente Mental era bruxo perseguido pela Inquisição e a Doença Mental atribuída à Magia Pecado Possessão Demoníaca .
O séc XVIII, na vigência do pensamento de que havia uma separação entre o corpo e a mente, e com as pesquisas medicas baseadas em necrópsias neuropatológicas, não apresentou contribuição significativa para a compreensão das doenças afetivas.
Somente no final, do séc XIX (com a introdução de estudos longitudinais, ou seja, a observação da evolução dos pacientes por 20/30 anos), chegou-se ao conceito de psicoses cíclicas (com idéia da periodicidade e de crises sazonais) e com a compreensão de que a mania e a depressão representariam diferentes manifestações em uma única doença.
Na virada do séc XX, observou-se o caráter endógeno da Doença Maníaco-depressiva embora com alguma confusão com o quadro de demência precoce que afetava o pensamento e o humor, mas tinha um curso deteriorante.
O conceito de Transtorno Bipolar vai se firmar entre as décadas de 60 – 70, e evoluindo passou a ser aplicado também em transtornos não psicóticos ou a quadros limítrofes aos psicóticos (década 70-80), deixando de ser psicose maníaco-depressivo para ser chamado de Transtorno Afetivo ou Transtorno do Humor.
Surgiram também novos conceitos como os de distimia e ciclotimia, onde ocorrem mudanças habituais e menos intensas de humor variando entre estados depressivos, irritabilidade subilínica e estados maníacos.
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